Jerome Powell discursou na distrital São Francisco do Fed sobre o índice de preços de gastos com consumo, criações de postos de trabalho e consumo forte.
O presidente do BC dos EUA está monitorando de perto a movimentação no mercado financeiro nesta sexta-feira Santa.
Jerome Powell, à frente do Federal Reserve, o Fed, tem se dedicado a analisar os impactos da instabilidade nos mercados globais.
Atuação de Jerome Powell, presidente do BC dos EUA, em evento do Federal Reserve
Em evento organizado pela distrital de São Francisco do Fed, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, fez um discurso permeado de palavras de conforto àqueles agentes de mercado que vinham se questionando sobre a deterioração das condições para cortes de juros nos Estados Unidos ainda este ano.
Powell reforçou a visão de um cenário atualmente mais confortável do que trazidos pelos últimos meses. Na visão do dirigente, os números estão ‘bastante alinhados’ com as expectativas de inflação do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
Hoje pela manhã foram divulgados os dados de inflação de fevereiro medidos pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, da sigla em inglês), que vieram majoritariamente em linha com o consenso entre analistas.
Nas palavras de Powell, da mesma forma com que o Fed ‘não reagiu exageradamente’ aos bons dados de inflação de 2023, a autarquia não fará isso por conta da inflação mais forte em janeiro e fevereiro.
Quer dizer, da mesma forma que o chefe da autoridade monetária não garante uma revisão otimista de cenário puxada pelos dados do PCE de fevereiro, o repique da inflação no começo do ano pode ser entendido como um provável fenômeno pontual, por isso não alteraria as projeções para o ano.
O chefe da autoridade monetária dos EUA destacou que os riscos para os mandatos de inflação a 2% e de pleno emprego estão equilibrados.
Por isso, há a chance de cortar prematuramente os juros — o que seria ‘muito prejudicial’, na visão do banqueiro central — como também de demorar muito para cortar, o que ‘danificaria desnecessariamente a economia’, disse. ‘Acertar [o momento do corte] é o mais importante.
Queremos ter mais confiança antes de reduzirmos os juros.’ ‘A questão agora é saber se essa inflação mais alta foi um acidente de percurso ou algo sustentado. Tudo o que podemos fazer agora é esperar’, disse o presidente do Fed.
Powell chegou a pontuar que, mesmo com a cautela sobre o percurso inflacionário, um enfraquecimento inesperado do mercado de trabalho poderia provocar uma reação da política monetária. Trocando em miúdos: a desaceleração no ritmo de contratações, criações de postos de trabalho e aumento dos salários para além do previsto nos EUA poderia motivar uma antecipação dos cortes nas taxas.
O que isso significa?
Ainda que os dados tragam um cenário no retrovisor do Fed, os sinais desse passado não tão distante podem restaurar esperanças no futuro. O Fomc se reuniu em 20 de março para a decisão sobre as taxas de juros americanas, mesmo antes do PCE de fevereiro ser conhecido, mas os dados revelados hoje indicam uma tendência de resfriamento dos dados.
Para o próximo mês, agentes de mercado preveem PCE e, principalmente, o núcleo inflacionário (que exclui itens com preços mais voláteis) resfriando ainda mais. O mercado espera que o núcleo PCE de março (que será divulgado em abril) venha em 0,2%.
Isso significaria que o ritmo mensal de alta dos preços acompanhados nesse núcleo teria desacelerado 0,1 ponto percentual em relação ao ritmo visto em fevereiro. A desaceleração da alta de preços nos próximos meses é necessária para indicar uma inflação caminhando para a meta do Fed de 2% no ano.
Só assim, de acordo com dirigentes da autoridade monetária, há espaço para iniciar o ciclo de cortes nos juros sem correr o risco de um repique da inflação penalizar a economia adiante. Numa trajetória mais irregular do que o mercado esperava até dezembro passado, a inflação americana teve um repique no começo deste ano.
Atualmente, a economia forte permite que o banco central americano tome seu tempo para iniciar um ciclo de cortes de juros, de acordo com Powell.
‘Queremos ter mais confiança antes de reduzirmos os juros’, disse.
O mercado de trabalho dos EUA está muito mais aquecido que o esperado pelas projeções, e a aceleração da alta de preços, movida por um consumo forte, pôs o cenário para cortes de juros neste ano em xeque.
Começou por agentes precisando reajustar as previsões ‘delirantes’ de seis ou até sete cortes de juros no ano, visão da maior parte do mercado no fim do ano passado, apesar dos alertas do Fed de que este não era seu cenário-base.
Agora, as visões de mercado e Fed se alinharam nos três cortes de juros em 2024, começando em junho.
Daqui para frente
De qualquer forma, a política monetária está ‘bem posicionada’ para reagir a diferentes caminhos que a economia dos EUA tomar nos próximos meses, segundo Powell.
Ele ainda reiterou que o ritmo de redução do balanço de ativos (processo conhecido como aperto quantitativo) deve diminuir em breve, em decisão planejada sem qualquer ligação com uma eventual desaceleração da economia. Por fim, Powell ainda avaliou que a chance da economia americana enfrentar uma recessão no futuro próximo ‘não é alta’.
De acordo com ele, as condições econômicas atuais indicam que os juros americanos não devem voltar ao patamar ‘historicamente muito baixo’ de antes da pandemia de covid-19. ‘Não sabemos para onde os juros voltarão quando tudo isso terminar’, afirmou. Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.
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Fonte: @ Valor Invest Globo
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