Mais de 10 mil profissionais praticam autocuidado físico; dos aumentados, apenas 2 mil optam por atividades físicas. Nível de stress e bem-estar mental: 75% dos profissionais consultaram, revelando discrepâncias significativas. Particularmente em terapias, cultura patriarcal minimiza importância, frequentemente rotulada como fracas, por maioria de advogadas, gerenciam responsabilidades domésticas. Perfilamos e levantamos dados demográficos para apurar essas tendências.
Apenas 14% dos advogados brasileiros buscam terapia e atendimento psicológico. Foi essa uma das conclusões do estudo PerfilADV – 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira, pesquisa pioneira da OAB Nacional em parceria com a FGV. De acordo com o levantamento, mais da metade recorre a atividades físicas como estratégia de autocuidado, visando lidar com o estresse do dia a dia.
Essa realidade reflete a pressão mental na advocacia e a necessidade de mais atenção ao bem-estar dos profissionais. Encontrar maneiras saudáveis de lidar com o estresse é essencial para a saúde física e emocional. Além das atividades físicas, buscar ajuda profissional é fundamental para lidar de forma eficaz com as demandas da profissão e preservar o equilíbrio mental na advocacia.
Desafios do estresse na advocacia
O levantamento realizado consultou aproximadamente 20.885 profissionais inscritos no CNA – Cadastro Nacional dos Advogados e apurou que a maioria dos profissionais procura no exercício físico uma forma de lidar com a pressão do dia a dia. No entanto, quando o assunto é terapia para cuidar da saúde mental, apenas cerca de 2 mil advogados mencionaram fazer uso desse recurso, enquanto cerca de 10 mil preferem investir em esportes e atividades físicas.
Esses dados evidenciam a importância de se discutir o bem-estar mental na advocacia, especialmente levando em consideração a natureza estressante da profissão. Muitos profissionais lidam com níveis elevados de estresse devido às demandas dos clientes e à pressão constante por resultados no contexto jurídico, onde a resolução final muitas vezes escapa do controle do advogado, ficando nas mãos do Judiciário.
Discrepâncias de gênero e autocuidado
Um aspecto relevante observado nos levantamentos é a discrepância significativa entre homens e mulheres advogados quando se trata de buscar apoio terapêutico. Apenas cerca de 8% dos advogados consultados mencionaram recorrer à terapia, enquanto aproximadamente 20% das advogadas afirmaram participar de sessões terapêuticas.
Essa diferença pode ser atribuída, em parte, a uma cultura patriarcal que tende a minimizar a importância da saúde mental, rotulando-a como algo desnecessário. Enquanto muitos homens advogados resistem a buscar ajuda terapêutica, as mulheres frequentemente lidam com uma sobrecarga de responsabilidades, o que aumenta seu nível de estresse e a necessidade de apoio psicológico.
Desafios na busca por apoio psicológico
A percepção equivocada de que a terapia é para pessoas ‘fracas’ é um obstáculo para muitos advogados que poderiam se beneficiar desse suporte. Na verdade, a terapia é uma ferramenta poderosa para enfrentar desafios e dilemas internos, sendo fundamental para o autocuidado e o bem-estar mental.
No entanto, muitos advogados, devido à sua capacidade de análise e resolução de problemas, podem resistir ao processo terapêutico, tentando encontrar soluções por conta própria. Essa postura pode comprometer o trabalho do terapeuta e prejudicar o progresso do indivíduo em explorar questões mais profundas.
É essencial promover uma mudança cultural que valorize a saúde mental e encoraje os profissionais, independentemente do gênero, a buscar apoio quando necessário. A terapia não é sinal de fraqueza, mas de coragem e autodesenvolvimento, elementos essenciais para lidar eficazmente com o estresse inerente à advocacia.
Fonte: © Migalhas
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